sexta-feira, 17 de junho de 2011

Conclusão




Concluo esse trabalho então, mostrando as perspectivas que se abriram para a educação (e consequentemente para a sociedade) após o escolanovismo.




Uma vez que a educação é o reflexo da sociedade, pudemos ver, através dos livros "Educação e luta de classes" e " A pedagogia e as correntes filosóficas", de Aníbal Ponce e Bogdan Suchodolski, respectivamente, as consequências que foram geradas pelas mudanças tanto na sociedade quanto na educação.
Vimos também, que a nova educação se propõe a construir um homem novo, sem mentalidade de classe. e percebemos que ela olhou mais para a criança (pedocentrismo) do que anteriormente.

1-     Diante desse contexto, presenciamos a ascensão do proletariado, que faz as suas escolas de acordo com os seus interesses, ou seja, o trabalho. Proporcionam um ensino técnico e também se preocupam com a alfabetização e a cultura dos operários.
“Educação é o processo mediante o qual as classes dominantes preparam na mentalidade e na conduta das crianças as condições fundamentais da sua própria existência”. (PONCE, pp. 165).

Sendo assim, concluo aqui a minha síntese sobre a HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO a partir de Aníbal Ponce e Bogdan Suchodolski.





Vídeo sobre a história da educação:

http://www.youtube.com/watch?v=vgCHveOcqqE&feature=related





Bibliografia:

  •  PONCE, A. Educação e luta de classes. São Paulo: Cortez Editora e Autores associados, 1981. 
  • SUCHODOLSKI, B.. A pedagogia e as grandes correntes filosóficas. Lisboa, Horizonte, 1984.


Professor: José Claudinei Lombardi
Aluna: Karla Sthefânia Begalli Viana
RA: 119686








S

A nova educação

Um período de grandes revoluções, guerras e mudanças em todos os aspectos, tanto econômicos, políticas, quanto morais. Presencia-se o fortalecimento do capitalismo devido ao neoliberalismo e à globalização.

E como veremos a seguir, todo esse processo repercutiu fortemente no âmbito educacional.





Com o conflito da Igreja com a burguesia (a qual tinha ódio pela Igreja) resultou em um tipo de escola que estava longe de ser revolucionária: a escola laica. Ela se caracterizava por regulamentar o ensino religioso ministrado nas escolas (porque pessoas com vários credos frequentavam-na).  






Cinquenta anos após esses acontecimentos, podemos perceber que a burguesia não havia dado às massas o MÍNIMO NECESSÁRIO de ensino, o qual interessava a ela mesma. Como diz o seguinte trecho: "(...) Carlos Saavedra Lamas, declarava há não muito tempo que o nosso sistema atual de educação era inepto, "porque não atendia às necessidades de toda população segundo idade. situação escolar e tendências." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp. 157).

E vê-se também que SÓ após a Revolução Francesa, a burguesia reconheceu que as suas escolas não asseguravam às massas a educação mínima necessária.

Fez-se necessária então, uma nova educação.   
Essa nova educação significava um ponto final na batalha para acabar o controle de ensino das igrejas. 
Portando, vemos que a educação era uma forma de dominação onde se inseria doutrinas e metodologias,  era também uma educação que enfatizava mais a inteligência do que a espontaneidade da criança. 
Já a nova educação tem como base as necessidades dos pequenos e leva em conta a personalidade dos alunos; porém como se tratava da educação burguesa, os únicos que tinham o privilégio e o tempo de dedicação aos estudos eram os filhos dos burgueses, ao contrário dos da classe operária, que tinham que trabalhar.

"Em substituição ao malbarato de tempo e de esforço que as velhas técnicas traziam consigo - soletramento, memorização, fragmentação do ensino, etc. -, a nova técnica se propunha aumentar o rendimento do trabalho escolar cingindo-se à personalidade biológica e psicológica da criança." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp. 162)
 
É nesse ponto da história da educação que entra em cena o COLETIVO. "(...) depois do individualismo da velha escola, temos a socialização da nova." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp.163).

"A nova educação se propõe, com efeito, construir o novo homem a partir da escola burguesa; de uma escola, na realidade, na qual o Estado burguês se comprometa a não interferir em nada, de uma escola em que os professores deverão, portanto, ingressar completamente isentos de qualquer mentalidade." 

Duas correntes pedagógicas se apresentam na nova educação por volta do ano de 1900. A corrente doutrinária e a corrente metodológica.
  • Doutrinária:
    -
    Se caracteriza por 
    ter como objetivo a capacitação do aluno em suas técnicas, mergulhado no seio da cultura. Essa corrente tem uma orientação filosófica e não visa à parte prática, a qual refletirá na vida do educando.
    - Podemos compará-la à pedagogia da essência.
  • Metodológica:
    Visa uma metodologia para ensinar os alunos e proporciona um ensino para a vida prática; quer uma  racionalização do ensino de forma prática e eficaz. Quer também que o rendimento escolar aumente, levando em conta a personalidade dos alunos.
    - Pode ser comparada à pedagogia da existência. 
O autor Gentile também manifesta a sua opinião em relação à educação nesse período. 
Gentile
Em sua opinião, a massa não deveria ter acesso à cultura e o seu controle espiritual deveria estar nas mãos da religião.
"O nosso homem é aquele que possui aquilo que se chama consciência; trata-se do homem, digamos claramente, das classes dirigentes, sem o qual nem ao menos poderia existir o outro homem, o da boa digestão, porque até as boas digestões necessitam do apoio da sociedade, e não podemos concebê-la sem classes dirigentes, sem homens que pensam por si e pelos outros." (PONCE, A. Educação e luta de classes. 
pp.172).


Podemos perceber, que a nova escola é PEDOCÊNTRICA. Ao contrário da escola tradicional que era magistrocêntrica.

Observação: O que é PEDOCENTRISMO? E MAGISTROCÊNTRICA?
               - Pedocentrismo é quando há uma supervalorização da criança, ou seja, a criança no centro da educação.
               - Magistrocêntrica é quando o papel do professor é valorizado demais.

"(...) a pedagogia pedocêntrica orgulhou-se de nada impor à criança, de cultivar apenas as suas forças interiores e de ser uma pedagogia que acompanha o <élan> interior." (SUCHODOLSKI, B. A pedagogia e as correntes filosóficas. pp. 91).

Vemos, portanto, que esse foi um período de grandes mudanças no âmbito educacional. Vemos também que o capitalismo se firmou mais ainda na nossa sociedade, causando mudanças em outros aspectos também.




A educação e o homem burguês - Da Revolução Francesa até o século XIX

Com o período de transição do sistema feudal para o capitalismo, muita coisa mudou. O ideal da nova burguesia se caracterizava por querer formar indivíduos preparados para a competição do mercado, produzir cada vez mais e também por achar que nada pode paralisar a indústria. 

Um ponto importante a destacar é a mudança do modo de produção. O feudalismo se caracterizava pelas suas relações de trabalho se realizarem entre o senhor feudal e o servo, que era subordinado ao senhor feudal. 
Esse servo trabalhava na terra do senhor e pagava um “aluguel” pelo seu uso. O servo devia gratidão ao senhor pelo trabalho e proteção, a essa relação de dependência e gratidão dá-se o nome de vassalagem. Nesse período não existia trabalho assalariado, o que resultava numa dependência social entre o senhor e seu servo. Já no capitalismo, as relações de produção e trabalho possuem características opostas ao feudalismo. O sistema capitalista deixa explícita a função do dono dos meios de produção e do trabalhador que vende sua força de trabalho. Outra característica fundamental do capitalismo é a incessante busca pelo aumento da produção, a busca de novos mercados consumidores e a busca de lucros. 

Essa pode ser chamada de pirâmide do capitalismo: 


Na base da pirâmide estão os trabalhadores, que sustentam toda a sociedade com seu trabalho. Um degrau acima estão os nobres, os quais já não tinham mais os mesmos privilégios do período feudal. Logo acima estão o Exército, o clero. E por fim, na ponta da pirâmide, estão os burgueses, ou seja, os donos dos meios de produção.

Retomando um pouco a questão da educação, como já foi dito na postagem anterior, Rousseau não se preocupou com a educação das massas e sim com a educação do indivíduo capaz de contratar um mentor. E a sua filosofia influenciou um outro pedagogo, Basedow.
Basedow
Para ele, a educação tinha como papel formar “cidadãos do mundo”. Dividia a escola devido à grande diferença de hábitos e de condição entre as classes: 



1) Para os pobres (escolas grandes):  
 - Ensinar a ler, escrever e a contar; 
 - Havia apenas um professor, o qual era responsável por cuidar dos deveres que são ditos como próprios das classes populares; 
 - Alunos de diferentes idades na mesma “sala”; 

 - “Felizmente, as crianças plebéias necessitam de menos instrução do que as outras, e devem dedicar metade do seu tempo aos trabalho manuais” (PONCE, A. A educação e luta de classes. pp. 139).


2) Para os ricos e classe média: 
- Os filhos das classes superiores começavam a instrução cedo;

- Essas escolas formavam os “cidadãos do mundo”; 

- Estudavam mais que os outros, pois deveriam “chegar mais longe”;

- Forma de castigo (devido aos vícios ou aos defeitos) : transformar uma hora de estudo em uma hora de trabalhos manuais.

Condorcet
Outros dois homens tiveram um papel importante na discussão sobre a educação, Condorcet e Pestalozzi. O primeiro concedeu o direito de controlar o ensino e a obrigação de instruir ao Estado.Para ele, a instrução PÚBLICA deve assegurar a todos um mínimo de cultura. Não permite também que o Estado imponha a criança qualquer credo (era contra o ensino religioso nas escolas).
“Que o poder do Estado – afirma – termine no umbral da escola, e que cada professor possa ensinar as opiniões que acredita verdadeiras, e não as que o Estado crê verdadeiras.”  (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp. 142).


Pestalozzi




Pestalozzi por sua vez dedicou a sua vida às crianças pobres e queria aumentar e desenvolver as forças espontâneas da criança, a sua atividade própria. Queria também desenvolvê-las de acordo com seus dons, suas possibilidades e experiência do mundo e da sociedade.








Pode-se dizer que os dois pedagogos foram os mais autênticos da revolução burguesa, nos mostrando quais eram as intenções da burguesia para o campo educativo.

Há ainda dois outros pontos importantes a destacar. O primeiro deles é em relação ao humanismo racionalista. Ele se expandiu no século XIX com o progresso da democracia e da ciência. Estava presente nas concepções pedagógicas dos escritores como Condorcet e T. Paine; criou-se um programa educativo que priorizava a formação do espírito e fazia desta formação a base de toda a educação.
Esse humanismo tendia para a concepção da pedagogia tradicional da essência, a qual
(...)procurava negar conceitos perfilhados pelo idealismo antigo e pelo tomismo medieval (...)”. (SUCHODOLSKI,B. A pedagogia e as correntes filosóficas. pp.56).
Essa nova variante da pedagogia da essência, sofreu ataques de outras correntes da pedagogia da essência, nomeadas de concepções religiosas, neo-tomistas e também da pedagogia da existência.


O segundo ponto importante é a questão da Teoria da evolução de Charles Darwin. Ela foi o fortalecimento da pedagogia da existência. As idéias evolucionistas ANTIGAS, contribuíram em grande parte para a pedagogia da essência.
O “novo” evolucionismo deveria opor-se por princípio à pedagogia da essência. A educação e a instrução desempenham uma função diferente de acordo com as leis gerais da vida social.

É na teoria da evolução que concluímos que Pedagogia da existência = Pedagogia da luta pela vida.

E por fim, temos a existencialização da pedagogia da essência. Certas correntes da pedagogia da essência adotaram algumas teorias da pedagogia da existência. 
Forma-se também uma corrente menos radical, que se afasta da pedagogia religiosa clássica.

Vídeo sobre o período de transição:




quinta-feira, 16 de junho de 2011

A educação e o homem burguês - Do Renascimento até o século XVIII

Como foi dito na postagem anterior, os renascentistas começaram a aparecer no final do feudalismo como uma reação ao mesmo. Podemos ver isso no seguinte trecho: "Como uma reação ao feudalismo teocrático, o burguês do Renascimento volveu os olhos para a Antiguidade, para retomar a cadeia da unidade histórica no mesmo elo em que o feudalismo, aparentemente, a rompera." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp. 110).




                                 



E assim se dá início ao renascimento.
"E assim surgiu um novo mundo, em que as coisas se passam de um modo bem distinto." (Ponce, pp. 113).  






Ao lado, "O homem vitruviano" de Leonardo da Vinci, que sintetiza o ideário renascentista.






A época do Renascimento, herdou as tradições antigas e cristãs da pedagogia da essência (que teve início com Platão e com o cristianismo) e as completou com a concepção de modelo do homem, baseado na razão.

Observação: O que é a PEDAGOGIA DA ESSÊNCIA?
  •  Pedagogia da essência é aquela que investiga tudo que é empírico no homem e concebe a educação como ação que desenvolve no indivíduo o que define a sua essência verdadeira. É assentada numa concepção ideal do homem.

E como diz Bogdan Suchodolski : "O Renascimento, (...), foi uma época em que a pedagogia da essência, continuando a procurar inspiração nas tradições pedagógicas antigas e cristãs, criou novas concepções de protótipos e de normas que devem regular os homens e a educação." (A pedagogia e as correntes filosóficas. pp. 28).


Pode-se caracterizar o Renascimento da seguinte forma:

É importante lembrar que em relação ao campo educacional, "(...) a pedagogia humanitária passou-se a tomar a criança em consideração no decorrer do ensino e adaptam-se os métodos ao nível intelectual da criança." (SUCHODOLSKI, B. A pedagogia e as correntes filosóficas. pp. 26).

Luis Vives


O autor Jean-Louis Vivés, se manisfestou, concordando com essas tendências (descritas no parágrafo anterior). 








Montaigne
Montaigne por sua vez falava como um representante dos nobres e exigia para o jovem nobre, para quem ele idealizava a educação, um ensino diferente do que tinha recebido até o momento. Juntamente com Vives, acreditava que "(...) o útil e o prático passam agora a constituir preocupações de primeiro plano." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp.115). 





Algumas concepções pedagógicas da época:

  1. Jesuítas:
    - Grupo que representava a orientação tradicional, relacionados à Igreja Católica;
    Se tornaram senhores de grande parte da educação européia com a publicação da obra Ratio studiorum;
    Realçaram com vigor o sentido religioso e dogmático da essência pedagógica;
    Não se preocupavam com a educação popular e queriam controlar a educação dos nobres e dos burgueses abonados;
    Ajudaram na conquista da hegemonia pedagógica da Igreja e a defendeu das ameaças de ela sofria.
  2. Comenius:
    Criou o “sistema natural da cultura” ou sistema pedagógico dependente da Natureza;
    Continuou a tradição do Renascimento de tornar mais fácil o ensino escolar;
    - Dizia que a educação faz do homem um homem e o reconduz à sua essência mais profunda.
  3. Lutero:
    Intérprete da burguesia  moderada e da pequena nobreza ;
    Difundiria as primeiras letras na medida em que a leitura permitisse o manuseio da Bíblia;
    - Para ele, a instrução constituía uma fonte de riqueza e de poder para a burguesia.
  4. John Locke:
    Desenvolveu a teoria da formação moral do adolescente de acordo com as exigências do seu estado, em sua obra Pensées sur l’education (Pensamentos a respeito da Educação).
Mais a diante no tempo, o primeiro pensador a se opor à Pedagogia da Essência foi Jean-Jacques Rousseau. Ele diz que a educação não deve ir contra o homem para formar o homem, já que ele é naturalmente bom. Rousseau se preocupou, nesse período, com a educação do INDIVÍDUO, o qual tinha condições de manter um preceptor, e não com a das MASSAS. Pode-se perceber traços de uma "nova pedagogia", a Pedagogia da Existência.
Observação: O que é a PEDAGOGIA DA EXISTÊNCIA?
  • Pedagogia da Existência é perceptível já em Rousseau e seguidamente em Kierkegaard, toma o homem tal como é e não como deveria ser. Constitui a corrente de maior importância da pedagogia burguesa.

Portanto, conclui-se que o Renascimento foi um período de grandes mudanças, o qual se baseou no antropocentrismo, individualismo e racionalismo. 



Vídeo sobre a educação renascentista:




A educação e o homem feudal

Com o desmoronamento do trabalho escravo, algumas mudanças aconteceram. Porém certos aspectos, como a divisão de classes e os privilégios das classes mais altas, se mantiveram fortemente na sociedade feudal. "O cultivo em pequena escala voltou a ser o único que compensava, o que é a mesma coisa que dizer que a escravidão se tornou desnecessária." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp. 83).



A sociedade tinha a seguinte divisão:



O escravo era visto como um objeto, portanto tinha uma vida miserável, mas segura. Em contrapartida, os vilões (antigos colonos romanos) eram pessoas livres e não se vendiam. "O vilão era, portanto, mais livre do que o escravo, porque ele reconhecia uma autoridade que ele próprio hava querido reconhecer." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp 84). Creio ser essa a diferença entre os dois "povos".
Há também os servos, que eram descenentes dos escravos e portanto, não eram homens livres. Eram em suas costas que o mundo repousava, ou seja, eram os servos que sustentavam as outras classes, porém sem ter o mínimo valor e reconhecimento. Um outro aspecto também sofreu mudanças. As transformações que ocorreram na sociedade no período feudal, impuseram ao domínio religioso (em relação à Antiguidade) algumas diferenças de importância, embora ainda não se concretizaram de forma a alterar o seu conteúdo de classe.
É ai que o cristianismo entra com grande força na sociedade. Como mostra a seguinte frase: " Enquanto o escravo e o servo sofriam sob os seus senhores, o cristianismo proclamava que eles eram iguais diante de Deus." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp. 87). A Igreja Católica passa a controlar quase toda a sociedade feudal, inclusive a economia. No campo educacional, dois grandes pensadores eram ligados à Igreja Católica: São Tomás de Aquino e Santo Agostinho. 
São Tomás de Aquino



O primeiro tinha sua filosofia ligada a Aristóteles, o qual tinha suas concepções como um dos fundamentos da pedagogia da essência (que será explicada posteriormente). Entretando, S. Tomás de Aquino se opôs aos aspectos EXCESSIVOS da interpretação ascética da pedagogia da essência, mas conservou as teses PRINCIPAIS.








Santo Agostinho






Já Santo Agostinho, teve como influência as teorias de Platão, mais precisamente o neoplatonismo.












No âmbito educacional, o domínio da Igreja também prevaleceu.
Após o desaparecimento das chamadas "escolas pagãs", a Igreja se apressou para pegar a instrução pública para si. E como havia uma grande inflência dos monastérios (poderosos bancos de crédito rural), surgiram as ESCOLAS MONÁSTICAS, as quais se dividiam em duas categorias:
Professor ensinando crianças na Idade Média.
  1. Escolas dedicadas à instrução dos futuros monges → "Escolas para oblatas"
    - Ministravam o ensino religioso;
  2. Escolas destinadas à plebe → Verdadeiras escolas monásticas
    - Não ensinavam a ler e nem a escrever;
    - Não queriam instruir as massas, e sim familiarizá-las com as doutrinas cristãs e mantê-las "dóceis e conformadas".
    - Se preocupavam com a pregação no lugar da instrução.
    Foram criadas também, pelos monastérios, as escolas chamadas "EXTERNAS" que eram destinadas aos clérigos seculares e a alguns nobres que tinham vontade de estudar mas não queriam tomar hábito. 
    Observação: Externas pois se encontravam fora dos conventos. 
    "Juristas doutos, secretários práticos e dialéticos hábeis, capazes de aconselhar imperadores e de fazer-se pagar regiamente pelos serviços, eis os produtos  das escolas "externas" dos monastérios." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp.93).



    Entrando um pouco na questão da educação do jovem nobre, podemos perceber que todos eles tinham um "percurso" a seguir, como descrito no trecho a seguir: "O jovem nobre vivia sob tutela materna até os sete anos, ocasião em que entrava como pajem ao serviço de um cavaleiro amigo. Aos quatorze, era promovido a escudeiro, e nessa qualidade acompanhava o seu cavaleiro às guerras, torneios e caçadas. Por volta dos vinte e um anos, era armado cavaleiro." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp. 94).


    Escola das catedrais


    Com a transformação que ocorreu no âmbito econômico (a transformação das cidades em centros de comércio, onde os produtores trocavam seus produtos), a educação também sofreu modificação. O aparecimento dos burgueses citadinos fez com quem a Igreja deslocasse o foco de seu ensino.
    Portanto, fez-se necessário a criação de novas escolas, as escolas das catedrais. O ensino nessas escolas estavam a nas mãos do clero secular e não mais nas dos monges. Tinham como foco a TEOLOGIA. Mais uma vez a instrução não é um fato muito importante para as escolas. Como diz Aníbal Ponce em seu texto, "a escola catedralícia foi, no século XI, o germe da universidade." (Educação e luta de classes, pp.99)


    Com os dias, universidades, escolas primárias, escolas da burguesias e escolas municipais apareceram.
    Observação: A Escolástica surge e com uma importância grande. "Representou no front cultural um verdadeiro compromisso entre a mentalidade do feudalismo em decadência e a da burguesia em ascensão; um compromisso entre a fé, o realismo e o desprezo pelos sentidos, de um lado, e a razão, o nominalismo e a experiência, do outro." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp. 107).  


    Com isso, os humanistas (Renascimento) começam a sua aparição no final deste período feudal. "O Renascimento se propôs formar homens de negócios que também fossem cidadãos cultos e diplomatas hábeis." (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp.111)


    Vídeo sobre o feudalismo:


    http://www.youtube.com/watch?v=Pn9TiyZgN2c



    quarta-feira, 15 de junho de 2011

    A educação do homem antigo - Roma


    Semelhante as outras sociedades, Roma também era dividida em classes e baseada na escravidão.
    Era uma sociedade bastante hierarquizada com a seguinte formação:


    1. Patrícios : Grandes proprietários, monopolizavam o poder;
    2. Clientes: Ligados diretamente aos patrícios, pois prestavam serviços a eles e em troca recebiam proteção e apoio econômico;
    3. Plebeus: Constituíam a maior parte da população, descendiam de povos vencidos nas guerras romanas. Esta classe era formada por artesões, comerciantes, camponeses e no início não tinham nenhum direito civil, religioso ou político;
    4. Escravos: Eram prisioneiros de guerra e consequentemente não tinham nenhum direito.

    Na velha educação (primeiros tempos de república), os filhos de proprietários eram educados ao lado do pai, o qual ajudava-os nas tarefas mais simples.
    A posse de terras também era um fator importante, notando então a importância da agricultura para esse povo. Por isso, para aprender "os segredos" da agricultura, os jovens romanos acompanhavam seus pais. Aos vinte anos já sabiam arar a terra e lidar com a guerra e a vida pública.
    Um outro aspecto importante nessa época era a oratória. Como mostra o seguinte trecho: "Segundo o conceito dos romanos, o "orador" era um homem por excelência". (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp. 63).

    Curiosidade: Os antigos escravos aprenderam o seu ofício na casa de seu amo, de algum velho e instruído escrava. "(...) cada lar romano foi para os escravos uma escola elementar de artes e ofícios". (PONCE, A. Educação e luta de classes. pp. 66).
    Já os antigos proprietários, tiveram que aprender com os escravos instruídos muitas coisas que consideravam desprezíveis.

    Fez-se presente então (a partir do séc. IV a.C), a necessidade de uma "nova educação". Devido à insatisfação gerada pela educação ministrada até então pelos nobres, as pessoas começaram a exigir uma nova educação.
    E assim como aconteceu na Grécia, uma "onda" de professores apareceu. Eles podem ser divididos em três tipos:

    1) Ludimagister:
    - Professor da educação primária;
    - Era um antigo escravo, um velho soldado ou um proprietário arruinado;
    - Eram homens livres, mas devido ao fato de terem que trabalhar para sobreviver eram inferiorizados.
    Pode-se perceber a precarização das escolas primárias, pois elas dispunham apenas de uns bancos para os alunos e uma cadeira para o mestre, havendo também pouco material disponível. É importante lembrar que o professor não estava legalmente autorizado a cobrar pelo seu ensino, recebendo apenas presentes de seus alunos.
    2) Gramáticos:
    - Responsáveis pelo ensino médio;
    - Levavam de casa em casa a instrução enciclopédica necessária para a política, para os negócios e para as disputas nos tribunais;
    - Ensina o essencial da cultura e formavam a opinião pública.
    3) Retores:
    - Responsáveis pelo ensino superior;
    - "Luxuosa novidade, que se tinha de pagar a tal preço, que só estava ao alcance dos ricos). (PONCE, A. Educação e luta de
    classes. pp. 69);
    - Tinha um pouco de poeta, músico, advogado e de ator.

    Observação: Educação da criança rica:
    - Aos sete anos entrava para a escola do magister;
    - Aos doze anos começava a frequentar a do gramático;
    Aos dezesseis tinha contato com o retor.

    Após alguns acontecimentos, o ensino, pela primeira vez, fica a cargo do ESTADO, afinal, os futuros funcionários públicos se formariam nas escolas. O ensinamento estava fortemente ligados ao patriotismo e celebravam a todo momento a glória do príncipe.





    Vídeo sobre a educação e a Roma antiga:



    terça-feira, 14 de junho de 2011

    Platão e sua pedagogia.


    Assim como é falado na educação na Grécia antiga (no capítulo 2 do livro de Aníbal Ponce), o filósofo Platão tem uma grande importância no campo educacional. E acredito que um outro autor, Bogdan Suchodolski, nos mostra alguns feitos desse pensador. Como mostra o trecho a seguir: "A sua importância capital na história espiritual da Europa resulta não só de ter sido por diversas vezes ponto de partida de várias correntes filosóficas, desde a época helenística do Renascimento, (...)" (SHUCHODOLSKI, B. A pedagogia e as grandes correntes filosóficas. pp.18).

    Vamos então pontuar alguns de seus feitos:
    1. Platão nos ensinou a diferenciar o mundo das idéias perfeitas (real, verdadeiro) do mundo das sombras (irreal, inconstante);
    2. Distinguiu no próprio homem o que pertencia ao mundo das sombras (corpo, desejo, sentidos,etc.) e ao mundo das idéias (espírito na sua forma pensante);
    3. Essas distinções conduziram a pedagogia da essência a não tratar de tudo o que é empírico no homem e a conceber a educação como medida para desenvolver no homem "tudo o que implica a sua participação na realidade ideal, tudo o que define a sua essência verdadeira" (SUCHODOLSKI, B. A pedagogia e as grandes correntes filosóficas. pp. 19);
    4. Pode-se dizer que foi com Platão que a pedagogia da essência teve seu início;

    Vídeo sobre Platão e sua pedagogia:



    Observação sobre a Academia de Platão (tirada do site: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/socrates/escolassocraticas.htm ).

    Academia de Platão:

    Platão fundou em Atenas (387 a.C.) a Academia e foi discípulo de Sócrates. A Academia era uma escola filosófica que se situava junto das muralhas de Atenas no bosque Heros AKademos, devido ao nome deste bosque Platão deu o nome de Academia à sua escola.

    Mosaico do Museu Nacional de Nápoles, que representa uma reunião de Filósofos na Academia ateniense fundada por Platão:

    A escola de Platão, era uma instituição devotada a estudos superiores. Não se entrava na Academia para tirar um curso de determinados anos. Entrava-se, saí-se, ficava-se o tempo que se quisesse. Não havia carreiras, exames, cursos com limites. Ía-se para aprender, para ensinar. O objectivo da pedagogia platónica era conseguir uma elite altamente qualificada, capaz de agir com eficácia em tarefas de responsabilidade. Este objectivo, segundo Platão, só seria possível por meio de uma aprendizagem escalonada e prevista até ao último pormenor, com um programa de estudo que ía até aos 50 anos. Pela primeira vez agrupavam-se as disciplinas em ramos diferentes. Na Academia houve sempre a preocupação da realidade sensível e das ideias e no início a frequência era gratuita, mas pouco e pouco foram-se cobrando propinas para cobrir as despesas causadas primeiro que tudo, pelos alunos que viviam na instituição. A Academia representou um ponto de partida para a formação de novas instituições educativas atenienses.
    Na ideia de Platão existia a noção de imortalidade da alma que permitiria aos seres humanos terem uma vida anterior e outra posterior à vida material, além disso acreditava que o comportamento concreto do indivíduo seria, a ideia de que o homem depois da morte recebe um prémio e um castigo pelas boas acções e más acções. Platão empenhou-se em criar condições para que a sua escola continuasse quer em sentido físico quer espiritual depois da sua morte. Platão nomeou o seu sobrinho Espeusipo para lhe suceder após a sua morte. Platão morreu em 348 a.C. Em 338 a.C. foi a primeira vez que os elementos da Academia elegeram o seu Reitor. A Academia foi encerrada pelo Imperador Justiniano em 529 d.C.